que nossas semelhanças nos façam caminhar e observar.'

Eu desejei o meu lugar, vou agir da minha forma, quero coisas mais reais!

Fiquei empolgada com o que eu quero escrever hoje, de verdade. Comecei a ouvir dead fish (pra variar um pouco rs) e fiquei pensando o quanto me resume tudo isso, o quanto me faz bem. 

Fico pensando como eu fui parar nesse caminho, como fui, porque fui e porque estou.

Isso não é coisa de menina, isso é agressivo, violento; coisa de homem. Idai? Quem dera se mais meninas fossem pro mesmo caminho que eu. É tudo tão extremo comigo; ou pagam um pau pro meu gosto ou falam horres. 

É aquela velha visão clichê do só tem louco nessas coisas ou deve rolar mo droga nesse meio né? rs

Coisa de televisão conservadora que não tem mais sobre o que falar. A midia faz isso com as pessoas não é? A maioria são todos alienados ao que escutam e rotulam sem ao menos saber do que se trata. 

Ai vamos para parte do menina tem que ouvir coisas lindas, leves e romanticas, não pode subir no palco, dar mosh, entrar no bate cabeça e muito menos gostar de coisas que saiem da sua delicadeza e feminilidade. Tá, mas agora mulher pode ir pro pancadão rebolar até o chão trepar com quinze (que ela nunca viu na vida) na mesma noite, ouvir o pagodinho, o samba, a mpb, o cine, o restar, o nx zero porque é bonito, lindo e romantico. Tá bom então, se isso for coisa de mulher eu sou o que? Um homem que nasceu com corpo de mulher? Com toda certeza não.

Alguém poderia me dizer qual é o problema de uma mulher ouvir o bom e velho hardcore? Qual é o problema de eu querer ter noção do que acontece ao meu redor, de eu ter uma visão mais crítica do mundo. 

Estou errada por não querer ser mais uma alienada?

Infelizmente já ouvi a seguinte frase mulher tem que ser meiga e delicada. Coisa agressiva tem que ficar pra homem. Agora eu entro na questão do agressivo. Será que ele está nesse contexto porque ele diz tudo que ninguém quer ouvir né?

Todo mundo se acomodou com uma realidade, e como já está desse jeito foda-se o que vai vir daqui pra frente, se é com outra pessoa; enquanto não acontece comigo cada um com seus problemas. Por isso que nada vai pra frente, por isso que as pessoas não se preocupam nem um pouco com o que está por vir. Sim, concordo que um dia de cada vez; mas não sou a favor desse tipo de egoismo.

Mas vamos entrar na parte do Hardcore agora. Quem me dera ter mais mulheres dentro da cena, iria ser bem diferente. Fico pensando em como eu seria se eu não tivesse ido por esse caminho; talvez eu seria mais uma, porém eu optei por ser outra, diferente, excessão. Resolvi quebrar clichês e regras de clichês femininos que colocam. 

Não sou menos mulher por ser como sou, pelo contrário; talvez seja mais que muitas por ter tido a cara e a coragem de assumir isso com orgulho de não ser mais uma.

Tenho minhas frescuras? Sim, eu tenho e muitas. Gosto de fazer compras, usar salto, maquiagem. Já sofri e capaz de continuar sofrendo por homem, já ouvi letras de amor, sou sensível, posso ser delicada, meiga, posso usar rosa; posso ser tudo que achem que é normal e feminino. 

Porém não vou ser fútil, não vou viver em torno de bandinhas de merda só porque os integrantes são lindos, não vou seduzir ninguém com meu peito e a minha bunda. Vou me dar valor, vou lutar por quem e o que eu amo, vou ser feliz do meu jeito.

Porque hardcore? Porque ele me liberta, porque ele é a minha vida. E principalmente, porque foi a partir dele que eu aprendi a ser uma mulher; uma mulher de verdade.